quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Ecofeminismo na Poesia

Em homenagem ao professor Marciano Lopes e Silva, que faleceu hoje, 17/10/2013, grande defensor do Ecocrítico na poesia feminina; e também à professora Angélica Soares, estudiosa da área que encontra-se internada em estado grave que posto esse pequeno trabalho de minha autoria sobre o Ecofeminismo poético:




O erotismo como manifesto de reivindicação de respeito

Quando falamos da figura feminina, seja dentro da poética ou até mesmo no corriqueiro não há como não elencar o fator repressão do feminino e a necessidade masculina de se impor como dominante.
Neste quadro encaixa-se a mulher insatisfeita com essa sociedade patriarcal que busca “gritar” sua feminilidade e se impor como ser pensante e participante ativo cultural. E é nesse contexto que podemos observar e debater sobre o ecológico feminino na poesia, manifestação com a finalidade de combater o ideal de homem dominante.
A mulher dentro da perspectiva ecológica se vê em uma posição de combate frontal à crítica conservadora e ao machismo imposto durante séculos por uma sociedade que espera que a mulher seja condenada ao silêncio.
Gilka Machado, a escritora que pioneiramente cantou o erotismo feminino na poesia brasileira, usou de artifícios ecológicos, metáforas relacionadas à natureza, para explorar o desejo feminino, este que era e continua sendo um tabu que deve ser calado para não “chocar” a sociedade. Porém, tanto Gilka quanto outras escritoras usaram desse ecológico para retratar o erotismo e conseguiram manter a feminilidade sem tornar vulgar seus manifestos.
Não podemos deixar de frisar que o erotismo é um artifício utilizado como um elemento capaz de possibilitar a reflexão sobre a condição feminina.

Expresso a mim e a ti os meus desejos mais ocultos e consigo com as palavras uma orgíaca beleza confusa. Estremeço de prazer por entre a novidade de usar palavras que formam intenso matagal! Luto por conquistar mais profundamente a minha liberdade de sensações e pensamentos, sem nenhum sentido utilitário: sou sozinha eu e minha liberdade. É tamanha a liberdade que pode escandalizar um primitivo mas sei que não te escandalizas com a plenitude que consigo e que é sem fronteiras perceptíveis. Esta minha capacidade de viver o que é redondo e amplo- cerco-me por plantas carnívoras e animais legendários, tudo banhado pela tosca e esquerda luz de um sexo mítico. (Clarice Lispector, 1980)

Clarice afirma nesse trecho justamente esse cantar de liberdade exprimindo seus desejos mais ocultos em forma de poesia. E foi essa forma de poética que fez a sociedade abrir os olhos para a mulher como ser pensante e dotado de desejos que deveriam ser atendidos e respeitados.
Na poesia de protesto firmada no ecológico, verifica-se a manifestação do desejo como processo gerador da estrutura textual e, sendo o desejo o elemento desencadeador, é inevitável que ele se converta em manifestação erótica.
Analisar o erotismo é algo complexo, pois quando se fala em erótico, tende sempre a pensar na relação sexual, o que é justificável, tendo em vista que é quase impossível desvincular o erotismo da sexualidade, daí a complexidade da questão. No entanto, o erotismo, tal como é compreendido pelos estudiosos modernos, aponta para uma infinidade de questões que vão além do ato sexual.
Trazendo essa perspectiva do erotismo feminino como forma de protesto para os dias de hoje, podemos analisar a “marcha das vadias” que assim como o erotismo de décadas anteriores, tem como intuito usar o nu e a sexualidade para chamar atenção para seu objetivo principal: valorização da figura feminina.
Manifestações sejam elas na poesia ou não, quando se trata de mulheres, já é um tema polêmico, se hoje o nu choca, podemos imaginar o quanto o manifesto ecológico na sociedade de décadas atrás foi de difícil aceitação. Vivemos hoje em um mundo que se intitula mais “liberal” e as primeiras poesias escritas sob forma de protesto, usando o erotismo como ferramenta principal de “choque” ainda causam um efeito constrangedor na sociedade e no berço religioso.
Mulheres a frente de sua época, sempre manifestaram seus desejos e com aquele dom feminino de não parecer vulgar, assim se construiu a identidade feminina dentro do lírico em uma época patriarcal onde o novo era tabu.
A expressão do erotismo, elemento pelo qual a Mulher cria corpo, se torna sujeito no ecológico feminino: é através das sensações corporais, da sexualidade, que o sujeito feminino começa a ganhar outro espaço no contexto poético, já que sai da condição de submissão, de desolada, sofredora, e mulher pudica e idealizada, e retorna para a mulher sensual, a mulher que deseja, a mesma mulher do gênese bíblico, apagada em sua sensualidade pela cultura. Essa mudança ocorre a partir dos novos paradigmas instaurados no século XX, a partir dos pensamentos, por exemplo, de Nietzsche, que questiona os valores cristãos, e Freud, estudando a sexualidade humana e a cultura, desconstruindo a “culpa”.
A poesia, o fazer poético, passa a ser a via para a expressão feminina, expressão da mulher que observa e tem necessidade dessas mudanças de pensamento e comportamento, necessidade de se libertar, mas que se liberta apenas pela palavra poética, sujeita à censura dos ultrapassados, mas ainda admirados, conservadores e machistas.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Atitude Social




Fala-se muito em assistencialismo, em como sanar a pobreza, pois bem, essa é uma medida extremamente necessária para colocar um fim na carência atual e preparar os mais jovens para uma possível diminuição na taxa de miséria.
Esse é um princípio muito antigo, data a primeira lei assistencialista de 1601, já no final da dinastia Tudor, que governava a Inglaterra até então.
A Inglaterra se encontrava com seus grandes centros lotados de mendigos vítimas do rápido crescimento da economia e do êxodo rural exacerbado. A então chamada “Lei dos Pobres”, veio a calhar nesse momento, tirava os mendigos das ruas, os qualificava para uma possível inclusão no mercado de trabalho e ainda garantia a alfabetização das crianças. A princípio a lei tinha tudo para dar certo, porém, como era administrada pelo clérigo, logo, a Igreja passou a tentar obter lucros com essa medida.
Em 1834, essa lei foi então reformulada, passando a cortar um pouco o benefício da Igreja, que estava recrutando para as casas de assistência apenas os mendigos com aparente força e disposição para o trabalho, deixando de lado as crianças e as mulheres, faltando assim com o real objetivo da medida, que era amparar os mais necessitados.
Os benefícios dessa lei foram inúmeros, contribuiu para sanar o problema imediato dos pedintes, as ruas passaram a serem menos frequentadas por sem tetos, foi também de grande importância para a alfabetização em massa de crianças carentes e para a formação de uma grande parte de operários que viriam a contribuir com o crescimento da produtividade inglesa.
Tendo em vista esses benefícios, não podemos deixar de comparar essa lei com o assistencialismo no Brasil hoje. Estamos em um período de reconstrução e solidificação da economia, onde é de extrema necessidade construir bases para um país sem pobreza. Logo, enxergamos a necessidade dessa política, pois é assegurando às classes mais baixas o direito à educação que construímos uma nação mais digna.
Por mais que a oposição ao governo atual questione e coloque em dúvida os benefícios dessas medidas, notamos que está dando certo.
Falar mal do Bolsa Família, do Minhas Casa Minha Vida, entre outras políticas assistenciais do governo quando se está no conforto gerado por um bom salário é fácil, agora, pergunte à mãe que está conseguindo alimentar seu filho para ir para a escola e sonhar com um futuro ou para a família que enfim tem seu sonho da casa própria realizado se esta política é ruim.
Esses fatos só nos levam a crer que essa popularidade do governo não veio de graça, está sendo aclamada por um povo que pela primeira vez se vê valorizado, por uma camada quase sempre esquecida da sociedade. É a voz do excluído social que enfim está entrado na universidade que deve ser ouvida. É a voz de quem nunca teve o luxo de comer bem, da mãe nordestina que pela primeira vez está tendo o prazer de ver seus filhos dormindo, pois agora tem luz em casa, é a voz da mulher, da mãe, do pobre, da criança que pode sonhar com um futuro, com uma carreira digna. Enfim, quando pensar em falar mal do assistencialismo, pense no prato de comida que esta política está colocando na mesa de quem sempre passou por necessidades, pense no futuro acadêmico da criança que hoje está podendo estudar.
Não é reclamando que construímos um futuro melhor, é valorizando o que está sendo bem feito e pensando em medidas que ajudem a construir o futuro do nosso país. É dando uma base para o crescimento que teremos uma nação com uma economia forte e solidificada.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 08/06/2013

Para iniciar a discussão acerca desse tema, antes de mais nada, é necessária a definição de Direitos Humanos, esse que surge através das necessidades igualitárias do ser humano. Os mesmos meios que permitem o progresso podem provocar a degradação da maioria. Ou seja, nessa concepção, essa barbárie gerada através do consumo em massa é uma das grandes causas da propagação do mal. Quando há maior esclarecimento acerca dos malefícios dessa desigualdade, melhores serão as atitudes e a consciência para com o próximo, para com a causa dos direitos humanos. Mas o que se deve deixar claro é que, para se pensar nesse direito, temos que ter a concepção clara de que a necessidade do próximo também é real e não deve ser colocado em segundo plano quando comparado ao benefício próprio.
Nesse contexto que surge a discussão de direito à literatura, porque não elencar a arte como um necessário e de direito para o ser humano?
Uma distinção que deve ser feita é a sobre os “bens compreensíveis” e “bens incompreensíveis”. Bens esses que diferem devido à cultura da sociedade, os compreensíveis seriam as necessidades reais (que não podem ser negados a ninguém) e os incompreensíveis o que se classificam no campo do supérfluo. Mas para essa categorização do que não se pode ser negado segue a teoria de que o valor das coisas depende em grande parte da necessidade relativa que temos dela.
A questão do direito à literatura como bem compreensível é cultural, porque deve ser firmada em dada sociedade, os valores e direitos devem ser garantidos pelo ponto de vista individual, onde cada um é responsável pela sua educação para com o próximo, uma questão educacional e pelo ponto de vista social, que é um assegurado por leis, estas que devem ser específicas.
É notável que a literatura é uma necessidade universal, logo expressa direitos, vale ressaltar que Antônio Cândido, um grande profissional do ramo de análise e história literária, defende que talvez não haja equilíbrio social sem a literatura. É fundamental lembrar que ela tem papel formador de personalidade e humaniza o humano, pois o faz viver.
Sendo assim, podemos afirmar que a literatura pode e deve ser um direito de todos, deve sim ser um direito dos mais pobres aos mais ricos, não havendo o porquê de não exigirmos que esse seja garantido a todos os cidadãos.
Portanto, exija e faça valer seu direito à literatura, pois é um bem primordial para a formação de seres pensantes. É de total veracidade que seres pensantes são cidadãos melhores e cidadãos melhores elegem pessoas melhores. 

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 01/06/2013

De repente, me vejo invadida por uma nostalgia musical... Páro e penso o quanto as novas gerações estão sendo pequenas e fúteis a ponto de não apreciar nosso bom e velho rock nacional, sim, estou falando da nostálgica Legião Urbana, do animado Cazuza, do Barão, Ira, Capital entre tantos outros que fizeram história nesse país, pra que fechar os olhos e ser tão pequeno a ponto de não apreciar um genuíno produto nacional! Existe uma identidade dentro do rock nacional que as novas gerações estão fugindo, e como estão! Estou falando de um som carregado de ideologia, de movimento social, de um sentimentalismo inteligente e não esse hardcore melódico e sem sentido algum que estão produzindo.
Ainda resta esperança dentro da intertextualização que O Rappa traz, ou dentre as saudosas bandas de rock gaúcho, ou até mesmo do que sobrou dos meninos de Brasília.
Gostaria de saber onde andam os que como eu curtiram e ainda se veêm repleto de nostalgia e saudade ao ouvir Legião Urbana, Pato Fu, Ira, entre tantos outros que fizeram a história, não só a minha, mas da adolescência de muitos.
Talvez estejam ouvindo essa "onda sertaneja" ou "o furacão funk", sequer lembrando das raízes a que pertencem e queimando seus últimos neurônios com música ruím e conversas fúteis.
Aí deixo a pergunta: "Será que esse é o retrato que queremos deixar sobre a nossa geração? Ou queremos ser como a eterna e revolucionária geração coca-cola?"



Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 25/05/2013

“Quero trabalhar,me alimentar,quero andar,sentir-me seguro
Quero morar,quero contribuir para uma nova sociedade
Entendida, ilimitada,determinada”
(Luciano Rodrigues)

Mas afinal, o que é ser cidadão?
Hoje, todos ouvem falar de cidadania em redes sociais, na televisão, nos jornais, mas poucos sabem realmente como praticá-la.
Aí vem a questão: será que realmente exercemos nossa cidadania?
Nesse contexto torna-se necessário refletir: será que ser cidadão é somente jogar o lixo no lugar certo ou participar de campanhas de agasalhos? Ou simplesmente fazer parte de algum clube de projetos sociais?
Cada vez mais torna-se necessário as discussões acerca da não divisão de gêneros, racismo e homofobia. Com isso, se faz necessário rever alguns valores sobre cidadania.
Será que você, cidadão que joga o lixo no local correto e que não ultrapassa a velocidade nos locais proibidos está sendo correto ao julgar um homossexual e a discriminar alguém que não seja de sua mesma cor?
Qual a justificativa que leva uma pessoa discriminar a outra? Onde está afirmado que pessoas de cores, pensamentos ou opções sexuais diferentes da sua são melhores ou piores? Afinal, o arco-íris está aí para nos mostrar que cada cor, em sua particularidade, tem sua beleza definida.
A cada ano que passa podemos notar a real importância da consciência acerca da diversidade.
Ela está aí, nos cerca, e seria ridículo não considerarmos sua existência.
Então, vamos rever os conceitos de cidadania. De nada adianta ajudar alguém doando um agasalho e traumatizar alguém despejando preconceito e racismo. Sejamos cidadãos inteiros e não somente quando nos convêm.

Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
‘O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar’
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes”.
(Gabriel O pensador)





Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 18/05/2013

Relações internacionais ainda é uma grande discussão quando o país em questão é Cuba. Mas essa situação já foi muito pior.
No ano de 1990 Cuba destaca agentes para uma missão vista por muitos como suicida. São homens que se infiltram em movimentos anticastristas nos EUA para obter maiores informações acerca de conspirações e ataques em Cuba.
É nesse cenário que surge a Rede Vespa, organização do serviço de inteligência cubano, composta por 14 agentes que aparentemente eram desertores do governo cubano e refugiados na Flórida para então iniciarem suas observações que seriam de grande valia para a segurança cubana. Bem como data de ataques aéreos e por terra com informações exatas de explosão de bombas.
Acreditava-se que a rede era altamente secreta e que não havia conhecimento de sua infiltração na alta direita americana. Só que não foi bem esse o desfecho. Durante anos os agentes trabalharam em segredo. Porém em 2008 o FBI tomou conhecimento e passou a agir.
A operação da polícia americana prendeu 10 agentes cubanos. Sendo que cinco fizeram acordo de delação premiada com a justiça dos EUA e os outros cincos foram julgados, além de terem pena máxima, ainda sofreram com a imposição de regime solitário, com problemas até para a liberação de entrada dos parentes no país para visitas.
O julgamento foi de uma total rigidez, ultrapassando alguns limites humanitários. O que nos leva a pensar: porque os EUA podem infiltrar seus agentes no mundo inteiro e são tão cruéis com quem tenta obter informações dentro de seu país? Mesmo sendo agentes que não apresentam ameaça à segurança pública, apenas investigam seus desertores?
No ano de 2001, Cuba concede o título de Heróis do Império e intitula o ano de 2002 como sendo o ano dos heróis prisioneiros do Império.
Mesmo com todas essas perseguições para com seu país e com o risco de ataques, Cuba permanece fiel ao princípio de não deixar o governo americano tomar conta de seus recursos, embora muitos critiquem sua posição, fica a pergunta: o governo cubano deveria ser mais um brinquedo da imposição americana? Pois bem, acredito que a posição de Cuba é louvável, mantendo sua crença na independência e não se transformando em mais uma peça da política “faço o que quero com os outros” dos americanos.

“Desde que foram condenados, os presos vêm sendo submetidos à um castigo adicional: as dificuldades impostas pelo Departamento de Estado para a concessão de vistos de entrada nos Estados Unidos às mães, esposas e demais familiares dos cinco.
Embora a legislação carcerária dos Estados Unidos preveja visitas mensais, os familiares só puderam visitá-los uma vez por ano. Nunca foram concedidos vistos à algumas das esposas, que jamais puderam visitar seus maridos.

Os vistos de entrada nos Estados Unidos continuaram a ser negados após pedidos e protestos dirigidos à Casa Branca pelo Conselho Mundial de Igrejas, Anistia Internacional, Parlamento Europeu, Câmara dos Comuns da Grã-Bretanha e sindicatos de trabalhadores de nove países.”. (Fernando Morais)

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 04/05/2013

Ao longo da história, as pessoas têm vivido na pobreza e na miséria, foram atormentadas, foram degradadas pela fome e a ignorância, e foram conduzidas às guerras. Porém, algumas escolheram entrar nessas guerras por um simples fator humanitário: IDEOLOGIA.
Uma jovem, que com apenas 15 anos resolve fazer parte do Partido Comunista Alemão, em 1923, em um mundo extremamente machista e conservador é mais um retrato extremo de luta ideológica. Seu nome? Olga Gutmann Benário! Essa que também respondia por: Maria Bergner Vilar, Ana Baum de Revidor, Frida Leuschner e Olga Sinek.
Militante de grande peso na União Soviética, tendo participado de treinamentos políticos e militares na Escola Lenin, em Moscou, têm sua história atrelada ao Brasil pelas mãos de Carlos Prestes.
Em 1935, ela chegava ao Brasil como esposa de Luis Carlos Prestes. Nos passaportes, os nomes falsos Antônio Vilar e Maria Bergner Vilar. O que no início era apenas um casamento de fachada, em prol da causa comunista, tornou-se um dos matrimônios mais lembrados dentro da história brasileira.
Olga que mostrou coragem, embora grávida, ao se colocar entre a mira de armas e o marido, que iria levar um tiro à queima roupas, sendo consequentemente presa. A partir de então, inicia seu caminho mais penoso. Após sua prisão, o governo alemão exige sua extradição, Alemanha que na época já tinha Adolf Hitler à sua frente. Judia e comunista nascida em Munique, ela não teria chances em sua terra natal. Apesar de o advogado de defesa argumentar que o filho no ventre de Olga era cidadão brasileiro e não podia ser entregue a outro governo, o pedido de extradição foi aceito pelo Supremo Tribunal Federal. Olga chega então na prisão de Gestapo, onde deu a luz à sua filha, Anita Leocádia.
Aos 14 meses de vida, sua filha foi tirada de seus braços e é entregue à avó paterna. Olga foi transferida em 1938 para o campo de concentração de Lichtenburg. Em 1939, para Ravensbrücke e em 1942, mais uma transferência, desta vez para o campo de extermínio de Bernbug, onde morreu, aos 34 anos, na câmara de gás.
Sua biografia é hoje retratada quando se fala em força, luta, determinação e sacrifício. No Brasil, teve há poucos anos um filme protagonizando sua história, tendo Camila Morgado como intérprete. E não é só isso, seu nome é lembrado em vários artigos e livros de história, além de batizar praças, ruas e escolas.
"Aprendi que, enquanto cidadãos de um Estado, independentemente do ofício, também temos de nos empenhar politicamente. Não se pode deixar a democracia unicamente aos políticos, sob o risco de ela se tornar um invólucro vazio em que o cidadão é apenas gado votante.”. (Gunter Grass)




Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 27/04/2013

Mais uma vez bato na tecla do fazer a diferença sem esperar o próximo, sem para isso almejar estar em algum cargo público ou obter vantagens.
Neste contexto, surge a figura de Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista, fundadora da Pastoral da Criança, sendo indicada três vezes ao Prêmio Nobel da Paz.
A primeira ação da Pastoral foi levada a Florestópolis (PR), onde o índice de mortalidade infantil chegava a 127 para cada mil crianças. Após um ano de atividades, o índice caiu para 28. O sucesso levou a Igreja a expandir o projeto para todo o Brasil.
Durante anos, essa grande mulher lutou em prol da desnutrição e mortalidade infantil nos locais de maior carência no Brasil.
Zilda dedicou toda a sua vida às causas humanitárias, sendo assim até sua morte, em 2010, no terremoto que atingiu o Haiti.
Zilda Arns (1934-1910) nasceu no dia 25 de agosto em Forquilhinha, Santa Catarina. Filha de descendentes da alemães, Gabril Arns e Helena Steinar Arns. Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo. Casou-se com 21 anos com o marceneiro Aloysio Neumann, com quem teve seis filhos, Marcelo, falecido logo após o nascimento, Rubens (Médico Veterinário), Nelson (Médico), Heloísa (Psicóloga), Rogério (Administrador de Empresas) e Silvia (Administradora de Empresas), falecida em 2003 em acidente de carro. Zilda ficou viúva em 1978. Estudou medicina na Universidade Federal do Paraná.
Essa é uma das brasileiras que merecem nosso respeito e o nossa admiração, pois ao invés de ficar reclamando da realidade do país, resolveu fazer a diferença.
E por falar em reclamação, segue a tirinha da semana. By Katsumi Sato


Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 13/04/2013

O preconceito com pessoas portadoras de necessidades especiais data desde a antiguidade até os dias de hoje, é claro que com o passar do tempo esse preconceito vem diminuindo, mas, infelizmente não foi extinto.
Professoras estão se adaptando cada vez mais a essa realidade, melhorando os projetos de inclusão desses alunos. As muitas áreas de apoio dentro da educação especial está se reciclando para um melhor atendimento dessas crianças, são pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, recreacionistas, enfermeiros, enfim, uma vasta diversidade de especialistas que apoiam na aprendizagem e reabilitação de jovens e crianças excepcionais.
Projetos estão sendo desenvolvidos na área, não só de reabilitação, mas também na inclusão no mercado de trabalho, é notável o alto número de portadores de necessidades especiais que se encontra ativo no mercado formal, muitas vezes ocupando cargos que a pouco tempo atrás era praticamente impossível de ser tomado por um portador de deficiência, seja ela qual fosse.
A grande importância da Apae no Brasil em termos de ensino e no bem estar da criança, do adolescente e do adulto portador de deficiência não pode deixar de ser citada, grandes trabalhos foram e estão sendo feitos e reconhecidos mundialmente por diversas autoridades da área.
Poucas criticas e grande reconhecimento, é assim que se forma o trabalho dos pais e amigos e excepcionais em nosso país, fundação criada por uma americana, mãe de uma criança portadora de Síndrome de Down, que em 1954 se admira por não ter nenhuma instituição do gênero em nosso país, fundando assim a Apae do Rio de Janeiro, que hoje é um exemplo de cidadania e bem feitorias com os deficientes e portadores de necessidades especiais no Brasil, estando presente em vários municípios do país, e não menos valorizada, temos também a Uniapae, universidade da rede Apae, que forma profissionais capacitados para o ensino e convivência com os excepcionais, sem contar que faz um grande trabalho de integração de seus alunos.
Com bastante efeito, a mídia se torna, hoje, uma grande aliada da causa, usando seus recursos para cada vez mais conscientizar seus ouvintes e leitores quanto a importância das doações, do respeito e da igualdade entre as pessoa ditas “normais” e os deficientes, formulando comerciais, produtos de venda, jornais, artigos, enfim, uma infinidade de materiais que nos deixa cada vez mais a par do que está acontecendo na área.
A diferença que se faz nos dias de hoje é a capacidade das pessoas em reconhecerem o potencial dos deficientes, coisa que não existia a alguns anos atrás, hoje, nossos deficientes são tratados como uma realidade e não são escondidos ou esquecidos pela sociedade sem buscarem ao menos amenizar o problema.
É notável que muitas dessas deficiências e anomalias poderiam ser evitadas durante a gestação, mas que devido à uma medicina rudimentar ou simplesmente a falta de recursos, o número de portadores de síndromes a alguns anos era bem maior. Com o avanço da medicina, muitas doenças estão sendo evitadas e algumas até extintas, contribuindo ainda mais para o trabalho das entidades, que com um numero menor de pessoas poderá fazer um trabalho menor, investindo cada vez mais para a diminuição da faixa de natalidade de pessoas portadoras de síndromes.
A inclusão digital entre os excepcionais também é mais uma batalha vencida pelos educadores, que hoje ensinam seus alunos através de redes e sistemas online para um melhor aproveitamento das aulas. Sem contar as novas técnicas de aperfeiçoamento cada vez maior.
Enfim, é fácil enxergar o quanto a educação especial vem evoluindo e o preconceito vem baixando cada vez mais, é notável a grande mobilização mundial em torno do problema. Se continuarmos nessa proporção de evolução, o preconceito será algo taxado como “arcaico” pelas próximas gerações.



Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 06/04/2013

“A alma da fome é política.”.
(Hebert de Souza – Betinho)



As relações de mudividência definem nosso caráter, assim como nosso legado. Essas relações nada mais são que o reflexo de nossos valores morais e de nossa convivência com o meio.
Um exemplo de boa conduta em suas relações assim como em seus pensamentos e ideologia foi o sociólogo Hebert de Souza, o saudoso Betinho. Personagem de grande valia quando se trata da história dos Movimentos Sociais no Brasil. Mesmo debilitado por ser hemofílico, doença genética herdada de sua mãe, e conseqüentemente portador de HIV, devido às transfusões que foram feitas em função da primeira enfermidade, não deixou de fazer sua parte e de lutar em prol de seus sonhos.
A aceitabilidade social de seus conceitos não foi muito bem quista durante o golpe militar de 1964 e embora tenha tentado fugir da repressão foi exilado no Chile, participando então da assessoria do Governo de Salvador Allende, além de ter buscado refúgio em outros países, tais como México e Canadá.
Betinho retorna ao Brasil em 1979, dando sequência a seus trabalhos sociais, incluindo a luta contra a fome e o apoio aos portadores de AIDS.
Lutou em prol da Reforma Agrária, do Impeachment do presidente Fernando Collor, ajudou a criar o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, além de institutos de humanização para os portadores de doenças sexualmente transmissíveis e infecto contagiosas.
Esse grande cidadão brasileiro veio a falecer em 1997, aos 61 anos de idade, em função da hemofilia e da AIDS. Sua história de conotação extremamente positiva, nada mais é que um exemplo de que não é necessário estar no governo para fazer a diferença.  Atos benéficos e humanismo estão em primeiro lugar quando a questão é SER humano. Mais uma vez bato na tecla de que o maior hipócrita é o moralista que está contra tudo e contra todos, reclamando sempre de quem está no governo, ou não, e deixando de pensar como ser social, como um ser que pode e deve iniciar a questão da diferença dentro de sua própria casa.


“Um ser humano digno necessita em primeiro lugar Ser Humanizado.”.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 23/03/2013


Se o obrigam a prometer, prometa. Se tem mêdo de dizer não, diga sim. O crime não é seu, mas de quem tenta violar a sua livre escolha. Se, do lado de fora da seção eleitoral, você depende e tem mêdo, não se esqueça de que DENTRO DA CABINE INDEVASSÁVEL VOCÊ É UM HOMEM LIVRE. Falte com a palavra dada à fôrça, e escute apenas a sua consciência. Palavras o vento leva, mas a consciência não muda nunca, acompanha a gente até o inferno". (Rachel de Queiroz)

 

 

Rachel de Queiroz está além das frases pseudointelectuais de autoria duvidosa retratadas nas redes sociais, foi bem mais quem isso, foi uma mulher que mesmo em uma época machista, retratou como ninguém a mulher nordestina. Além disso, sempre lutou em favor dos seus ideais, fosse dentro ou fora do partido comunista, este que ela integrou por algum tempo.

Nordestina de origem aristocrática, professora e acima de qualquer coisa MULHER, essa grande escritora nacional também foi a primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras.

As mulheres que a autora criou em sua obra ultrapassavam a linha do feminismo, eram mulheres guerreiras em busca da sobrevivência em uma parte do país em que a vida se tornava bem mais difícil. “Nunca fui feminista, disse. Não acredito nessa entidade particular 'a mulher', diferenciada da outra entidade 'o homem'”.

Morreu aos 92 anos deixando um grande acervo literário. Suas obras são ponto de partida para qualquer tipo de pesquisa sobre regionalismo nordestino e retratam de forma clara e objetiva a vida do sertanejo.

Rachel é mais uma das grandes guerreiras nacionais que não podem ser esquecidas. Revelou-se eterna ao nos legar toda sua escrita e sensibilidade.


Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao
mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.

Geometria dos Ventos – Rachel de Queiroz

 
Tirinha by Katsumi Sato e Lie Kikuchi

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 16/03/2013


Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade nos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país”.

(Milton Nascimento)

 

A mulher de hoje é a verdadeira descrição do dito popular: “sempre atrás de um grande homem existe uma grande mulher.”.

Marisa Letícia, a esposa de Luiz Inácio Lula da Silva, ao que parece é apenas uma mulher de um grande político, só que não...

Marisa ficou viúva jovem, de uma forma extremamente injusta, lutou, trabalhou e nesse percurso conheceu o marido atual, o então sindicalista Lula. Casaram-se e ela então se engajou na luta sindical.

Foi a responsável por confeccionar a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores, liderou a marcha das mulheres em prol da causa sindical em São Paulo, reuniu uma multidão na Catedral de São Paulo para sensibilizá-los sobre os maus tratos que os operários sofriam no ABC paulista.

Essa grande mulher sempre esteve ao lado de seu marido, o encorajando, administrando a família nos períodos de crise, lutando em prol de suas ideologias, militando em suas campanhas políticas.

Marisa é o exemplo vivo de como uma mãe de família deve ser, deixando de lado os padrões pré-estabelecidos de que uma mulher independente precisa quebrar com o modelo de boa dona de casa, ela consegue ser feminista, companheira, mãe e militante, sem deixar a essência e os valores familiares de lado.

Vale a pena conferir a biografia dessa grande mulher que como outras mães nesse país a fora dá conta, sim, de sua família e de sua luta ideológica.

 

Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em que esbarro toda hora
No espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural.”

(Elis Regina)
tirinhas by Katsumi Sato e Lie Kikuchi

segunda-feira, 11 de março de 2013

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê 09/03/13


“Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta,

Que não há ninguém que não entenda.”

(Cecília Meireles)

Impossível falar sobre o Dia Internacional da Mulher sem citar essa MULHER brasileira... Guerreira, militante, mãe, avó, política exemplar, digna e PRESIDENTA do nosso país. Sim, estou falando de Dilma Vana Rousseff, essa brasileira incrível que poderia ter se conformado em ser apenas mais uma burguesa desfilando na alta sociedade mineira, mas que buscou um ideal focado no socialismo, na felicidade do povo brasileiro.

A história política dessa grande mulher inicia durante a repressão, período em que ela, ainda adolescente, cursava o colegial. Militante nos movimentos contra a Ditadura Militar essa mineira foi peça essencial dentro das organizações clandestinas em um tempo em que um cidadão poderia ser preso apenas por citar a palavra liberdade. Embora tenha participado de treinamentos de guerrilha, aprendendo a segurar uma arma, ela esteve envolvida na parte organizacional do movimento em Minas Gerais, sendo uma das responsáveis pela editoração do jornal O Piquete, além de dar aulas sobre marxismo e se impor perante homens que tinham como hábito apenas o dom de mandar.

Casa-se então com o companheiro de militância João Galeno e cai na clandestinidade em busca do único ideal dessa geração: o direito à liberdade.

Foi presa e torturada nos porões do Governo e mesmo assim não entregou seus companheiros, foi leal mesmo passando pelas mais desumanas formas de repressão.

Após ser libertada, reiniciou sua vida em Porto Alegre, adentrando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul no curso de economia, já que a Universidade Federal de Minas Gerais, onde ela cursava o mesmo, havia jubilado e anulado os créditos dos alunos envolvidos nas lutas de esquerda. Teve como companheiro nessa época o militante Carlos Araújo, pois seu casamento com João Galeno acabou em função da distância e da luta dentro do movimento.

Dilma engaja-se na luta em favor da Anistia Política e das Diretas Já e junto com seu marido contribui para a formação do PDT em solo gaúcho. E finalmente em 86, assume um cargo de grande prestígio dentro do governo do estado, sendo Secretária da Fazenda.

Sua vida pública a partir de então inclui os cargos de Presidente da Fundação de Economia e estatística e Secretária de Minas e Energia do Estado, levando o mesmo a se safar do efeito apagão do Governo de FHC. Foi por esse grande trunfo que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a convida para participar de sua equipe de transição e, por conseguinte, a ocupar o cargo de Ministra de Minas e Energia.

Sua reputação no cargo foi de uma competência absurda, levando o presidente a nomeá-la Ministra Chefe da Casa Civil, estando assim à frente dos maiores projetos do governo.

E foi com uma postura de mulher durona e competente que o PT a lança como candidata à presidência do país. Disputando em grande estilo e sendo eleita no segundo turno com um número de votos louvável. Tornando-se enfim a primeira mulher da história a governar a República Federativa do Brasil.

Sua luta, sua força e sua competência são de grande exemplo para todas as mulheres e servem como incentivo para não desistir de seus sonhos.

“A vida quer é coragem”

 

Presto aqui minha homenagem a todas as mulheres desse país que acordam cedo todos os dias, sacodem a poeira e saem às ruas em busca de seus objetivos. Àquelas que mesmo com todos os compromissos e encargos não perdem a alma feminina, a vaidade e a beleza que nos tornam tão diferentes dos homens.
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“Homens – Vocês foram geradas a partir de nossa costela.

Mulheres – Não, vocês que são gerados a partir de nosso útero!”