quarta-feira, 19 de junho de 2013

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 04/05/2013

Ao longo da história, as pessoas têm vivido na pobreza e na miséria, foram atormentadas, foram degradadas pela fome e a ignorância, e foram conduzidas às guerras. Porém, algumas escolheram entrar nessas guerras por um simples fator humanitário: IDEOLOGIA.
Uma jovem, que com apenas 15 anos resolve fazer parte do Partido Comunista Alemão, em 1923, em um mundo extremamente machista e conservador é mais um retrato extremo de luta ideológica. Seu nome? Olga Gutmann Benário! Essa que também respondia por: Maria Bergner Vilar, Ana Baum de Revidor, Frida Leuschner e Olga Sinek.
Militante de grande peso na União Soviética, tendo participado de treinamentos políticos e militares na Escola Lenin, em Moscou, têm sua história atrelada ao Brasil pelas mãos de Carlos Prestes.
Em 1935, ela chegava ao Brasil como esposa de Luis Carlos Prestes. Nos passaportes, os nomes falsos Antônio Vilar e Maria Bergner Vilar. O que no início era apenas um casamento de fachada, em prol da causa comunista, tornou-se um dos matrimônios mais lembrados dentro da história brasileira.
Olga que mostrou coragem, embora grávida, ao se colocar entre a mira de armas e o marido, que iria levar um tiro à queima roupas, sendo consequentemente presa. A partir de então, inicia seu caminho mais penoso. Após sua prisão, o governo alemão exige sua extradição, Alemanha que na época já tinha Adolf Hitler à sua frente. Judia e comunista nascida em Munique, ela não teria chances em sua terra natal. Apesar de o advogado de defesa argumentar que o filho no ventre de Olga era cidadão brasileiro e não podia ser entregue a outro governo, o pedido de extradição foi aceito pelo Supremo Tribunal Federal. Olga chega então na prisão de Gestapo, onde deu a luz à sua filha, Anita Leocádia.
Aos 14 meses de vida, sua filha foi tirada de seus braços e é entregue à avó paterna. Olga foi transferida em 1938 para o campo de concentração de Lichtenburg. Em 1939, para Ravensbrücke e em 1942, mais uma transferência, desta vez para o campo de extermínio de Bernbug, onde morreu, aos 34 anos, na câmara de gás.
Sua biografia é hoje retratada quando se fala em força, luta, determinação e sacrifício. No Brasil, teve há poucos anos um filme protagonizando sua história, tendo Camila Morgado como intérprete. E não é só isso, seu nome é lembrado em vários artigos e livros de história, além de batizar praças, ruas e escolas.
"Aprendi que, enquanto cidadãos de um Estado, independentemente do ofício, também temos de nos empenhar politicamente. Não se pode deixar a democracia unicamente aos políticos, sob o risco de ela se tornar um invólucro vazio em que o cidadão é apenas gado votante.”. (Gunter Grass)




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