segunda-feira, 11 de março de 2013

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 02/03/13


“Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque

Fama de porra louca
Tudo bem...”

(Pagu - Rita Lee/Zélia Duncan)


 

Falar de feminismo hoje, não se resume em queimar sutiã e bater de frente com os homens, o Dia Internacional da Mulher não é somente a data típica de saudar as vítimas do lamentável acontecimento que ocorreu nesta mesma data em 1857, em Nova Iorque. Esse dia hoje representa as conquistas das mulheres ao longo dos séculos, que com seus atos, seja dentro de casa, criando seus filhos, seja trabalhando, constroem um mundo melhor e mais digno. O dom de acalmar, de revolucionar, de amar dentro de cada mulher, nada mais é que um instinto, que está implícito em cada uma delas, em todos os cantos desse mundo.

Uma personagem mitológica dentro de nossa história empresta uma magnífica biografia hoje, para iniciarmos nossas reflexões sobre grandes mulheres brasileiras. Patrícia Galvão, a imponente PAGU.

Primeira comunista a ser presa em nosso país, primeira feminista da história nacional, mãe, companheira, militante, atriz, símbolo de beleza nacional, intelectual, guerrilheira, professora, jornalista, jovem explorada assim como muitas durante sua infância, tendo uma precoce iniciação sexual, até por não saber do que se tratava, em 1934 consegue as sementes de soja com o imperador Pu-Yi dando assim inicio ao cultivo do cereal no Brasil. Pagu não simboliza apenas uma luta política, representa o que é ser MULHER, em uma época machista e ditatorial da história de nosso país.

Companheira de Oswald de Andrade, tendo um casamento um pouco conturbado até que o mesmo torna-se apenas amizade, fez parte da Semana de Arte Moderna, viajou o mundo conhecendo a realidade dos mais necessitados, sacrificando o convívio com seu próprio filho, até então menor de idade, por um ideal humanitário, para lutar contra a fome e a diferença de classes.

Conheceu e debateu com personagens importantes da história mundial, assim como René Crevel, André Breton, Jean-Paul Sartre, Eugénie Ionesco, Raul Bopp, Freud, Tarsila do Amaral, Norah Borges, Luís Carlos Prestes, entre outras personalidades da época.

Em setembro de 1962, portadora de um câncer, tenta suicídio em Paris, cidade que ela amava profundamente e falece em 12 de dezembro do mesmo ano em Santos.

Por mais que eu tente exprimir neste curto espaço suas conquistas, me cerco de um sentimento de pouco aproveitamento de sua biografia, sua história merece ser pesquisada, merece ser estudada a fundo, pois nela é refletida a luta feminina por direitos de ordem humanitária e por valorização da mulher, não só como uma bela figura, mas como representante de seu povo.

Pagu é uma personalidade que exprime o orgulho nacional por essas guerreiras que acordam todos os dias em busca de um país melhor, de melhores condições para criarem seus filhos em um mundo muitas vezes exclusivo da autonomia masculina. E é por elas que hoje faço essa pequena homenagem a todas as que, assim como eu, acreditam em um futuro decente para as próximas gerações.

Por fim, vale lembrar que neste mês, farei uma sequência, em homenagem ao Mês das mulheres, relembrando e saudando grandes mulheres da história política nacional.

“Porque,
Nem toda feiticeira é corcunda,
Nem toda brasileira é bunda,
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem!”

(Pagu – Rita Lee/Zélia Duncan)

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