sexta-feira, 1 de março de 2013

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 23/02/2013


Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer”.

(Geraldo Vandré)

 

Carlos Mariguella permanece vivo na memória daqueles que buscam um mundo menos desigual.

Em 09/11/2012, após uma luta contra a lei nacional defendida por sua viúva, enfim Carlos Mariguella recebe a “Anistia Post Mortem”, o país então reconhece a perseguição que o guerrilheiro teve do estado brasileiro e concede este ato, nada mais justo, embora tenha sido tarde, foi um ato de dignidade para sua família que após tanto sofrer pode obter.

Clara Charf, sua esposa, então viúva, obteve o reconhecimento do estado em 1996, recebendo então uma pensão pouco significativa do governo, porém o reconhecimento pós-morte veio seis anos depois. Sua família não exigiu reparação econômica por sua morte prematura, deixando de provir com o sustento da mesma, apenas exigiu a legitimação da morte pelo DOPS e não pelos meios que a Ditadura insistiu afirmar.

Narrar tais fatos, de certa maneira, é um tanto quanto frustrante, visto que seriam totalmente desnecessárias tantas mortes prematuras se o país tivesse agido de forma clara e se o golpe militar não tivesse manchado nossa história. Mas infelizmente, não podemos mudar essa triste realidade nacional.

Ainda sofremos o impacto do atraso que esse período nos deixou como legado, mas felizmente o país está enxergando um novo rumo desde 2002 quando a esperança venceu o medo e o povo brasileiro oportunizou entregar a um operário o seu primeiro diploma, o de presidente da república.

Acredito na memória de guerreiros como Mariguella e na força de tantos outros que estão por vir. O principal segredo dos bons políticos é o amor por seu país e não só ao seu financeiro, como tantos outros que vagaram com faixas oficiais pelo Palácio do Planalto.

Em memória a este guerrilheiro encerro aqui essa trilogia, que de certa forma foi uma homenagem a todos aqueles que acreditam nessa tão amada pátria Brasil.

                                                                                                                                                                                       Liberdade

Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”

(Carlos Mariguella - São Paulo, Presídio Especial, 1939)

 

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