“Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer”.
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer”.
(Geraldo Vandré)
Carlos Mariguella permanece vivo
na memória daqueles que buscam um mundo menos desigual.
Em 09/11/2012, após uma luta
contra a lei nacional defendida por sua viúva, enfim Carlos Mariguella recebe a
“Anistia Post Mortem”, o país então reconhece a perseguição que o guerrilheiro
teve do estado brasileiro e concede este ato, nada mais justo, embora tenha
sido tarde, foi um ato de dignidade para sua família que após tanto sofrer pode
obter.
Clara Charf, sua esposa, então
viúva, obteve o reconhecimento do estado em 1996, recebendo então uma pensão
pouco significativa do governo, porém o reconhecimento pós-morte veio seis anos
depois. Sua família não exigiu reparação econômica por sua morte prematura,
deixando de provir com o sustento da mesma, apenas exigiu a legitimação da
morte pelo DOPS e não pelos meios que a Ditadura insistiu afirmar.
Narrar tais fatos, de certa
maneira, é um tanto quanto frustrante, visto que seriam totalmente
desnecessárias tantas mortes prematuras se o país tivesse agido de forma clara
e se o golpe militar não tivesse manchado nossa história. Mas infelizmente, não
podemos mudar essa triste realidade nacional.
Ainda sofremos o impacto do
atraso que esse período nos deixou como legado, mas felizmente o país está
enxergando um novo rumo desde 2002 quando a esperança venceu o medo e o povo
brasileiro oportunizou entregar a um operário o seu primeiro diploma, o de
presidente da república.
Acredito na memória de guerreiros
como Mariguella e na força de tantos outros que estão por vir. O principal
segredo dos bons políticos é o amor por seu país e não só ao seu financeiro,
como tantos outros que vagaram com faixas oficiais pelo Palácio do Planalto.
Em memória a este guerrilheiro
encerro aqui essa trilogia, que de certa forma foi uma homenagem a todos
aqueles que acreditam nessa tão amada pátria Brasil.
Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”
(Carlos Mariguella - São Paulo, Presídio Especial, 1939)
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