sábado, 19 de janeiro de 2013

Publicado na Gazeta Regional de Goioerê em 12/01/2013


“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.” (Karl Marx).


Falar em ser social pode ser somente mais um clichê, mas admirar os feitos de quem realmente coloca em prática a essência desse ideal se faz mais que necessário.
E é nesse contexto que se enquadra Sônia Gandhi, uma mulher brilhante que deixou suas raízes por amor e por ideologia tornou-se um mito na história mundial.
Sua história é simplesmente encantadora, com um início de conto de fadas e um desenrolar fantástico.
Italiana, classe média, de uma família tradicional, deixou seu país de origem para estudar na Inglaterra e que por força do destino conhece Rajiv Gandhi, filho da primeira-ministra indiana Indira Gandhi. Até então tudo transcorre da melhor maneira possível, mas ao casar torna-se uma indiana, abandona seu país de origem para viver em uma realidade totalmente oposta a sua, sem contar a notoriedade que teve que encarar, largando a simples vida provinciana que a aguardava em seu país para fazer parte da família de maior força política da Índia.
Sônia sempre se mostrou uma excelente dona de casa, uma ótima nora, cunhada e esposa exemplar, já que na índia a família inteira convive no mesmo lar. Embora o nome que passou a carregar fizesse parte de uma dinastia política, ela de maneira alguma se envolvia com política, mesmo seu marido, que era piloto, deixava de lado os princípios familiares para à maneira deles viver uma vida normal. Mas o destino quis lutar contra isso, após a morte de sua sogra, seu marido se obrigou a assumir o poder do partido, ocupando assim o cargo de maior importância no país, o de primeiro-ministro.
Rajiv foi um ótimo político, porém assim como sua mãe foi assassinado por radicais de oposição ao seu governo, acredita-se que por princípios religiosos. Viúva e com dois filhos, a italiana se encontra totalmente desamparada, mas mesmo assim abraça a nação que tornou-se sua após seu casamento, não voltando para a Itália e conquistando o respeito e admiração dos indianos. Sônia assume então as frentes do partido, que por tradição leva um Gandhi como seu representante e insere uma nova forma de conduzir as relações dentro do mesmo. Rompe com a tradição de sua família ao recusar o cargo de primeira-ministra e conduz sua administração partidária e seus compromissos políticos sempre guiados pelo amor e respeito que ela aprendeu a dedicar à população indiana.
A história dessa guerreira é narrada com extrema admiração, pois resume a luta feminista e nos mostra que é possível sim apaixonar-se por uma cultura que não é sua e lutar em prol de melhorias para uma nação inteira. O exemplo de uma simples estudante que passa a ser dona de casa e que se encontra sem saída a não ser lutar e defender uma ideologia nos aponta para a fé de que tudo pode ser feito, toda luta, todo o poder ideológico pode e deve ser colocados em prática por qualquer um, desde que a força de vontade e o princípio de ajudar o próximo sejam colocados em prática.
Essa é uma luta real e todos podemos fazer parte. O mais simples dos seres humanos tem em si o dom de lutar em prol de seus semelhantes.

“Correndo o risco de parecer ridículo, deixem-me dizer-lhes que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.” (Che Guevara).
.

Nenhum comentário: