“Não é a consciência do homem que lhe
determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a
consciência.” (Karl Marx).
Falar em ser social pode ser somente
mais um clichê, mas admirar os feitos de quem realmente coloca em prática a
essência desse ideal se faz mais que necessário.
E é nesse contexto que se
enquadra Sônia Gandhi, uma mulher brilhante que deixou suas raízes por amor e
por ideologia tornou-se um mito na história mundial.
Sua história é simplesmente
encantadora, com um início de conto de fadas e um desenrolar fantástico.
Italiana, classe média, de uma
família tradicional, deixou seu país de origem para estudar na Inglaterra e que
por força do destino conhece Rajiv Gandhi, filho da primeira-ministra indiana
Indira Gandhi. Até então tudo transcorre da melhor maneira possível, mas ao casar
torna-se uma indiana, abandona seu país de origem para viver em uma realidade
totalmente oposta a sua, sem contar a notoriedade que teve que encarar,
largando a simples vida provinciana que a aguardava em seu país para fazer
parte da família de maior força política da Índia.
Sônia sempre se mostrou uma
excelente dona de casa, uma ótima nora, cunhada e esposa exemplar, já que na
índia a família inteira convive no mesmo lar. Embora o nome que passou a
carregar fizesse parte de uma dinastia política, ela de maneira alguma se
envolvia com política, mesmo seu marido, que era piloto, deixava de lado os
princípios familiares para à maneira deles viver uma vida normal. Mas o destino
quis lutar contra isso, após a morte de sua sogra, seu marido se obrigou a
assumir o poder do partido, ocupando assim o cargo de maior importância no
país, o de primeiro-ministro.
Rajiv foi um ótimo político,
porém assim como sua mãe foi assassinado por radicais de oposição ao seu
governo, acredita-se que por princípios religiosos. Viúva e com dois filhos, a
italiana se encontra totalmente desamparada, mas mesmo assim abraça a nação que
tornou-se sua após seu casamento, não voltando para a Itália e conquistando o
respeito e admiração dos indianos. Sônia assume então as frentes do partido,
que por tradição leva um Gandhi como seu representante e insere uma nova forma
de conduzir as relações dentro do mesmo. Rompe com a tradição de sua família ao
recusar o cargo de primeira-ministra e conduz sua administração partidária e
seus compromissos políticos sempre guiados pelo amor e respeito que ela
aprendeu a dedicar à população indiana.
A história dessa guerreira é
narrada com extrema admiração, pois resume a luta feminista e nos mostra que é
possível sim apaixonar-se por uma cultura que não é sua e lutar em prol de
melhorias para uma nação inteira. O exemplo de uma simples estudante que passa
a ser dona de casa e que se encontra sem saída a não ser lutar e defender uma
ideologia nos aponta para a fé de que tudo pode ser feito, toda luta, todo o
poder ideológico pode e deve ser colocados em prática por qualquer um, desde
que a força de vontade e o princípio de ajudar o próximo sejam colocados em
prática.
Essa é uma luta real e todos
podemos fazer parte. O mais simples dos seres humanos tem em si o dom de lutar
em prol de seus semelhantes.
“Correndo o risco de parecer ridículo,
deixem-me dizer-lhes que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes
sentimentos de amor.” (Che Guevara).
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