Para analisar as condições de produção, antes de mais nada,
neste texto, faz-se necessário retomar o conceito de ideologia, este que diz
que a ideologia faz parte, ou melhor, é a condição para a constituição do
sujeito e do sentido. O indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia para
que se produza o dizer.
Seria natural apenas considerar que as condições que
levariam à produção deste texto foi a pesquisa que divulga que muitos
brasileiros pensam que o estupro é “merecido” quando as mulheres se comportam
“mal”, pois bem, o texto foi embasado nesta pesquisa, que foi a condição de
produção do mesmo, ou seja, o contexto imediato, porém no transcorrer da
discussão o autor deixa bem claro suas ideologias, esta que por sua vez se
mostram machistas e anti-governamentais. Aí vem a pergunta: será que o objetivo
do texto é discorrer acerca da pesquisa ou apenas firmar argumentos
preconceituosos ou de posição partidária?
Ao analisarmos as condições de produção, neste contexto,
devemos lembrar um conceito chave que diz que as condições de produção são
centradas na memória, esta que por sua vez, tem suas características quando
pensada em relação ao discurso. E, nessa perspectiva, ela é trabalhada como
interdiscurso.
As condições, neste texto, são as discussões e a polêmica
envolvendo o que se pensa sobre o tema estupro. Além da ideologia já mencionada
podemos observar um discurso preconceituoso ao retomar a memória do caso
“Sakamoto” e “Huck” seguido de um pessimismo sobre o Brasil ao afirmar que há
grandes chances de ser assaltado no país.
Além disso, ao usar o adjetivo “malandro” para firmar sua
ideologia pessimista, o autor recupera a memória de discussões nos anos 90 que
afirmavam que o PT, partido hoje no governo, era composto de sindicalistas
malandros, estes que na voz do autor do texto presente criaram um país de
otários, afirmando mais uma vez sua ideologia partidária, esta que ao meu ver é
o eixo do discurso presente no texto ao considerarmos que o autor usa o tema
estupro a favor de sua necessidade de discutir sua posição política
reacionária.
Por fim, afirma-se mais uma vez sua ideologia
machista sugerindo que as mulheres deveriam ser mais recatadas, sem deixar de, em suas considerações finais, usar mais
uma vez seu discurso reacionário, ironizando o governo do Brasil e suas
políticas públicas.
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